Dr. Pablo Leite

Cirurgia ortognática após os 45 anos: Cuidados e realidade

Por: Dr. Pablo Leite

A cirurgia ortognática, conhecida por corrigir problemas faciais e mandibulares, é amplamente reconhecida por seu papel na melhoria da estética facial, na mordida e na respiração. Mas a questão que surge é: a cirurgia ortognática é viável após os 45 anos?

A Realidade Biológica Após os 45 Anos

Com o avanço da idade, especialmente após os 35 anos, a biologia humana passa por mudanças significativas. Um dos aspectos críticos é a diminuição das células mesenquimais, responsáveis pela cicatrização e reparo tecidual. Esse declínio pode impactar diretamente a recuperação pós-operatória, o que exige uma abordagem cuidadosa e individualizada para pacientes mais velhos.

Indicações para a Cirurgia Ortognática em Pacientes Maduros

Muitos pacientes que chegam aos 45 anos ou mais com uma oclusão irregular podem ter se adaptado bem ao longo da vida, sem grandes queixas estéticas ou funcionais. No entanto, há uma condição que pode mudar completamente essa perspectiva: a apneia obstrutiva do sono.

A apneia obstrutiva periférica do sono, uma condição séria que afeta a respiração durante o sono, tem sido diagnosticada com frequência em pacientes nessa faixa etária. Estudos recentes indicam que a cirurgia ortognática, especialmente o avanço maxilo-mandibular, é um dos tratamentos mais eficazes para essa condição. Ao reposicionar a maxila e a mandíbula, a cirurgia pode reduzir significativamente os eventos obstrutivos respiratórios, melhorando a qualidade de vida do paciente.

Cuidados Especiais na Cirurgia Ortognática Após os 45 Anos

Realizar a cirurgia ortognática em pacientes acima dos 45 anos requer cuidados adicionais. A cicatrização óssea e a resposta nervosa podem ser mais lentas e menos eficientes nessa faixa etária, o que exige uma abordagem cirúrgica mais cautelosa.

Para minimizar os riscos e garantir a melhor recuperação possível, algumas medidas são adotadas:

  • Individualização dos Movimentos Cirúrgicos: Cada corte e movimento é cuidadosamente planejado para reduzir a tensão nas estruturas nervosas e ósseas.
  • Osteotomias Precisas: As osteotomias, ou cortes no osso, são realizadas de forma a minimizar o risco de lesões nervosas, garantindo uma resposta sensitiva mais adequada.
  • Fixação Adicional: A fixação dos ossos após o reposicionamento é reforçada para assegurar a estabilidade durante a recuperação.
  • Atenção aos Contatos Dentários: A estabilidade dos contatos dentários é crucial para garantir que o resultado da cirurgia seja funcional e esteticamente satisfatório.

Por Que Realizar a Cirurgia Após os 45 Anos?

A decisão de realizar a cirurgia ortognática em pacientes nessa faixa etária, em grande parte, decorre da gravidade da apneia obstrutiva do sono. Quando a condição se torna moderada a severa, comprometendo a qualidade de vida e causando problemas metabólicos, a cirurgia passa a ser considerada não apenas uma opção, mas uma necessidade.

A cirurgia ortognática pode oferecer a esses pacientes uma chance de recuperação significativa da saúde, restaurando não apenas a função respiratória, mas também melhorando sua qualidade de vida geral.